Fauna
Os habitats presentes no Concelho de Góis propiciam a existência de mamíferos de grande porte, como os corços (Capreolus capreolus) e os veados (Cervus elaphus). Apesar disto, verificou-se que os veados teriam desaparecido desta zona há mais de um século, tendo sido efetuada a reintrodução de 100 animais, por parte do Instituto Florestal, entre 1995 e 1999, na Serra da Lousã, estimando-se atualmente a existência de cerca de 600 veados. A observação destes animais é aconselhável no período da Brama (época de cio e reprodução), que decorre entre setembro e outubro, altura em que estes animais se tornam mais visíveis.
O javali (Sus scrofa), também referenciado como porco montanhês, é bastante abundante nesta zona. Animal omnívoro, de grande porte, facilmente consegue alimento durante todo o ano. No entanto, a sua preferência vai para uma alimentação à base de frutos, rebentos, bolbos e raízes.
As aves são, sem dúvida, o grupo de vertebrados em maior número, sendo assim representativos da riqueza e biodiversidade dos habitats. Com regularidade podem ser avistadas diversas aves de rapina, com reflexo positivo na sua quantidade, diversidade e sanidade.
A águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) é uma das espécies mais abundantes em Portugal, habitando numa grande diversidade de habitats, desde serras, bosques e planícies, voando a grande altitude, em círculos contínuos, à procura de presas.
A coruja-das-torres (Tyto alba), rapina noturna, ocorre frequentemente nas proximidades de edifícios habitados (ou não), com primazia por aqueles que possuam aberturas ou em ruínas, onde nidifica. Esta ave é representada pela sua característica plumagem e face branca, em forma de coração, contrastando com as suas asas cinzentas. Devido aos seus hábitos noturnos, aproveita a noite para caçar essencialmente pequenos roedores.
O guarda-rios (Alcedo atthis) frequenta uma grande variedade de habitats, alimentando-se de pequenos peixes de água doce, insetos aquáticos, crustáceos, podendo ainda procurar insetos terrestres e anfíbios, instalando o ninho num túnel escavado em barreiras nas margens de cursos de água ou lagoas.
Nos pontos mais elevados e escondidos do espaço da Rede Natura 2000, podemos avistar o falcão peregrino (Falco peregrinus) e o peneireiro-comum (Falco tinnunculus).
Em relação a espécies cinegéticas, a perdiz-vermelha (Alectoris rufa) é, sem dúvida, a mais importante das aves de caça menor e, provavelmente, a mais importante espécie cinegética em Portugal, também comum nesta região.
O melro-de-água (Cinclus cinclus) nidifica em cursos de água rápidos, capturando vermes, nadando e mergulhando debaixo de água com fortes batimentos de asa. É uma espécie resistente, pelo que consegue permanecer em áreas onde os rios estão semigelados.
Quanto aos mamíferos de menor porte, temos a raposa (Vulpes vulpes), a lontra (Lutra lutra), o gato-bravo (Felis silvestris), a geneta (Genetta genetta), o morcego-de-savi (Hypsugo savii), o ouriço-cacheiro (Erinaceus europaeus), o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), entre outros.
A lontra (Lutra lutra) é um carnívoro que possui características morfológicas específicas que o tornam num animal muito ágil dentro de água, mas pouco habilidoso em terra. Vive na margem dos rios em abrigos construídos por si. É um animal noturno e só os mais afortunados terão oportunidade de o observar no seu habitat natural.
A raposa (Vulpes vulpes) tem um comprimento entre 50 a 80 cm e uma cauda comprida, com cerca de 40 cm. Pesa normalmente entre 4 a 6 Kg. Os machos são mais pesados e têm a cabeça mais forte e menos afilada do que a das as fêmeas.
As galerias ripícolas são os habitats mais bem conservados deste concelho, com elevado interesse conservacionista e funcional, albergando um sem número de espécies endémicas da Península Ibérica, como certos anfíbios e répteis.
Os anfíbios foram os primeiros vertebrados a sair do meio aquático e a viver em terra firme durante a maior parte da sua vida adulta. Ainda que, em geral, as suas larvas aquáticas com respiração branquial se convertam, gradualmente, em seres terrestres com respiração pulmonar e cutânea, poucos são os anfíbios completamente independentes do meio aquático.
Os répteis são os primeiros vertebrados verdadeiramente adaptados à vida terrestre. Distinguem-se facilmente dos anfíbios pela sua pele coberta de escamas, que os protege contra a desidratação. Dentro destes podemos enumerar, devido à sua importância e raridade, a salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica), o tritão-marmoreado (Triturus marmoratus), a rã-ibérica (Rana iberica), o lagarto-de-água (Lacerta schreiberi).
Dos répteis existentes, a mais famosa, e injustamente temida, pois não é venenosa, é a cobra-de-água-viperina (Natrix maura), um importante elo na cadeia alimentar.