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Pelourinho de Góis
Escultura do Pelourinho de Góis
Material: Pedra de Ançã
Autor: José Álvaro Antunes Ferreira
A escultura do Pelourinho de Góis é uma obra de arte, que simboliza um monumento já desaparecido, que ainda permanece na nossa memória.
Escultura oferecida pelo Autor e inaugurada pelo Presidente da Câmara Municipal, António Rui de Sousa Godinho Sampaio.
Nota histórica
Em Portugal, a existência dos Pelourinhos recua até à Idade Média. O seu surgimento está intimamente associado à fundação dos concelhos, podendo considerar-se um símbolo do concelho e da autoridade municipal, acumulando outras funções, com o passar do tempo e o desenvolvimento da sociedade. Eram habitualmente implantados numa praça ou num largo central da povoação e em frente ao edifício dos paços do concelho. Apenas os concelhos podiam erguer os seus pelourinhos, embora nem todos o tenham feito.
A cronologia dos pelourinhos pode mediar entre dois períodos: um do século XII aos séculos XIV-XV e outro na primeira metade do século XVI, datando desta época a maioria dos monumentos que chegaram até nós. No entanto, verifica-se a construção destes elementos arquitetónicos até ao final do Antigo Regime (século XVIII), o que permite encontrar nos mesmos todos os estilos artísticos: gótico, manuelino, neoclássico e barroco. Podem encontrar-se exemplares construídos em calcário, granito, xisto, pedra de Ançã e mármore.
A estrutura do monumento é bastante simples: uma coluna de pedra à qual são adicionados elementos estruturais decorativos. A meio da coluna é fixada uma cinta de ferro ou uma argola às quais eram amarrados os ferros dos criminosos. A parte superior do pelourinho contém geralmente uma cruzeta em metal de onde pendem argolas, uma e outras destinadas a manietar o criminoso, mas também a permitir a afixação de documentos e objetos. Usualmente a coluna assenta num pedestal composto por vários degraus, para permitir um maior destaque estético à estrutura e uma maior eficácia no cumprimento das funções que lhe estão associadas.
Os pelourinhos portugueses foram alvo de destruição maioritariamente durante o século XIX, bem como, mas em menor escala, durante a primeira metade do século XX.
Pelourinho de Góis
O Pelourinho de Góis atualmente não existe.
No Tombo de 1799 há a referência de que fazia parte dos bens do município um pelourinho situado no meio da Praça de Góis. A partir desse manuscrito sabemos que, no ano de 1799, o Pelourinho estaria onde é hoje a Praça da República.
Consta que, em janeiro de 1846, foram tiradas pedras do pelourinho para usar nas obras da casa da Câmara, de acordo com a ata da sessão de 20 de janeiro desse ano, no seguimento de uma queixa apresentada pelo inspetor das obras.
Há autores que defendem que poderá ter sido demolido entre os anos de 1848 e 1850.
De acordo com outros testemunhos, o monumento, por volta de 1875, estaria na Praça Pequena (Praça Velha), hoje conhecida como Largo do Pelourinho.
Em 1907, a Câmara Municipal, em ofício dirigido à Associação dos Arqueólogos Portugueses, informa sobre o pelourinho que esteve “na praça pública, de que não há o menor vestígio, nem pessoa alguma sabe referir o destino que levaram as pedras que o formaram”.
Em 1933, através do Decreto-Lei n.º 23122, de 11 de outubro, o Estado Português cria um diploma que classificou de forma geral os pelourinhos como Imóveis de Interesse Público, além de obrigar à realização do seu inventário e ao cumprimento de um dever municipal de conservação dos exemplares existentes e de reintegração dos exemplares destruídos. Do Pelourinho de Góis, à data, já nada restava. Refira-se que, nesta classificação, se enquadra o Pelourinho de Alvares, hoje implantado na Rua Manuel dos Santos Coelho, na Vila de Alvares.
De como seria o Pelourinho de Góis, resta-nos a descrição no já referido Tombo, que diz assim: “Item no meio da dita Praça está o Pelourinho para o qual se sobe por quatro lados por sinco degraos de cada hum lado no simo do qual está o dito de pedra de altura quatro varas e quase emsima tem as Armas da caza dos Senhores do Morgado de Goes: e no meio tem huma cadeia de ferro chumbada e presentemente se ignora o seu destino”.
Em 2003, é apresentado um Estudo do Pelourinho de Góis, da autoria de Jorge Braga da Costa, na obra de Júlio Rocha e Sousa dedicada aos "Pelourinhos do Distrito de Coimbra".
Em 2005, na obra "Pelourinhos Portugueses", o desenho conjetural de Braga da Costa é reproduzido e são apresentadas algumas notas históricas. Nesta obra é referido um “desenho conjetural cedido pela Câmara Municipal de Góis” cujo paradeiro desconhecemos.
Bibliografia consultada
AMARAL, Ana Filomena Leite – Góis, entre o Rio e a Montanha, Góis: Câmara Municipal de Góis, 1997.
MALAFAIA, Eurico de Ataíde – Pelourinhos Portugueses, Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2005.
RAMOS, João Nogueira – O Concelho de Góis. Ensaio de reconstituição da sua História (do século XII ao século XXI). Cronologia do poder e da sociedade, Góis: Movimento Cidadãos por Góis, 2009.
RAMOS, Mário Paredes Nogueira – Arquivo Histórico de Góis (Reimpressão integral), Volumes I e II, Góis: Câmara Municipal de Góis, 1999.
ROSA, António Manuel Amaro – Os Pelourinhos da Lusitânia (1820-1974). Do Vandalismo Oitocentista à Reabilitação pelo Estado Novo (Dissertação de Mestrado em Estudos do Património), Lisboa: Universidade Aberta, 2014.