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Gamelinhas
Doce que associa, num mesmo produto, sabores tão característicos e tradicionais como o mel, a castanha e a noz, pontuados com o aroma e o sabor da canela. A partir da forma, em gamela, recuamos no tempo, a fazer lembrar as gamelas onde se amassava a broa e as filhós, se migava a couve para o caldo e as galinhas, entre muitos outros usos.
Um pouco de história
A Câmara Municipal de Góis lançou um concurso, entre maio e junho de 2012, com a missão de criar um produto estratégico, na área da doçaria, cuja génese de confeção se encontrasse intimamente associada ao emprego de produtos regionais, bem como aos usos e costumes do concelho.
A missão deste concurso assentou em três pilares. Por um lado, sensibilizar a população para a importância do uso dos produtos endógenos – neste caso, o mel, a castanha e a noz – e meios de confeção tradicionais, no âmbito de um desenvolvimento estratégico económico sustentável. Expandir o conceito de gastronomia local, apresentando um renovado produto turístico de excelência, assim como criar um produto de qualidade para futura produção e comercialização, que, no que diz respeito à doçaria, fizesse jus à identidade concelhia.
Fruto deste processo, a 2 de julho de 2012, foi apurado o doce vencedor, ao qual o Município de Góis, com a cooperação do Júri do concurso, chamou Gamelinhas. O Júri era composto por cinco elementos: um representante da Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, um representante da Turismo Centro de Portugal, um Chef Pasteleiro e um Jornalista.
Gamelinhas é, desde a sua génese, um doce promovido pelo Município de Góis, com marca registada na IGAC – Inspeção-Geral das Atividades Culturais e no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial, ao qual compete a sua divulgação e cedência de permissão, devidamente protocolada, à sua fiel reprodução e comercialização.
O nome do doce – gamela –, de acordo com o dicionário, pode corresponder a uma “vasilha de madeira ou de barro, de vários tamanhos, em forma de alguidar ou quadrilonga, usada para dar de comer aos porcos, para banhos, lavagens e outros fins” ou a uma “porção de comida ou de líquido contido nessa vasilha”.
A estória associada às nossas gamelinhas, diminutivo do substantivo gamela, usado pelo facto de apresentar, enquanto doce, um tamanho muito mais pequeno em relação à original, remete-nos para as atividades diárias das comunidades serranas. Fossem elas verdadeiras profissões ou ocupações acrescidas que complementavam o sustento das famílias, tiveram quase sempre um contacto privilegiado com a natureza. A terra foi a base da sobrevivência. Dela se colhe o que se come na mesa. Do milho faz-se a broa…
Nas povoações do Concelho de Góis, à semelhança de tantas outras, continua bem presente a antiga tradição da confeção da broa, uma tarefa praticada com empenho por todos os habitantes, reforçada tanto pela utilização dos moinhos de água, localizados nas margens do rio Ceira, como pelos fornos comunitários existentes em muitas aldeias.
Numa época em que as gentes de Góis viviam maioritariamente da agricultura, com destaque para a cultura do milho e do trigo, sobressaem determinados utensílios que perduram no tempo.
A gamela, um simples objeto do quotidiano, mostra-se de extrema importância, tanto no processo de amassar a broa, como na preparação da carne para posterior confeção de enchidos, isto porque não existia casa goiense que não produzisse a sua broa e que, no mínimo uma vez por ano, não matasse o porco.
Assim, a forma assumida pelas Gamelinhas pretende dar ênfase a esse particular objeto, num território rural onde predomina a história e a tradição, enriquecida por um contexto de crenças, lendas, rezas e benzeduras, associadas ao processo social e cultural da broa.
O produto gastronómico Gamelinhas, doce típico de Góis, pretende revivificar vivências coletivas e repor tradições, associadas à conceção de produtos genuinamente tradicionais, apoiados na utilização de produtos endógenos.
Protocolo para a Produção/Confeção de Gamelinhas
Ao Município de Góis compete conceder a autorização para reproduzir e comercializar as "Gamelinhas - Doce Típico de Góis".
Pode consultar a minuta do Protocolo aqui
Para mais informações pode contactar os serviços através do seguinte contacto: turismo@cm-gois.pt
Gamelinhas – Doce Típico de Góis
Ingredientes:
Massa: farinha * margarina * água * sal
Recheio: açúcar * água * castanhas cozidas * noz * mel * ovos * gemas * farinha * açúcar em pó * canela
Fontes e testemunhos
1)Testemunho oral da Padaria Pastelaria Kentidoce.
2)Bibliografia consultada:
À Procura de um Doce Típico para Góis – Normas de Participação, Góis: Município de Góis, 2012.
Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Lisboa: Círculo de Leitores, 2015.
Histórias de Nós Memórias de Sempre, Góis: Município de Góis, 2013.
PEREIRA, Ana Marques e PERICÃO, Maria da Graça – Do Comer e do Falar… Vocabulário Gastronómico, Lisboa: Relógio d’Água Editores, 2015.
Protocolo para a Produção/Confeção de Gamelinhas, Novo Doce Típico de Góis, entre o Município de Góis e a Padaria/Pastelaria Kentidoce, Góis: Município de Góis, 2015.
RAMALHO, Paulo – Tempos Difíceis – Tradição e Mudança na Serra do Açor, Arganil: Câmara Municipal de Arganil e Museu Etnográfico, 1999.
Receita de Gamelinhas – Doce Típico de Góis, Góis: Câmara Municipal de Góis, 2012.